sexta-feira, julho 13, 2007

Injustiças


Hoje preciso de me penitenciar.
Descobri que cometi uma grande injustiça com a pessoa que eu mais amo. O meu filho.
Não foi por leviandade, mas pelas circunstancias, mas mesmo assim não minimiza a minha injustiça.
Sinto-me feliz, por saber que ele falava verdade, mas demasiado triste por não ter acreditado na sua palavra.
Felizmente a verdade foi reposta.
Odeio ser injusta. Mas talvez isso me faça entender as injustiças porque já passei.
A maior injustiça que me aconteceu, tinha eu 10 anos. Frequentava o 1º ano do Liceu. Sempre fui uma criança alegre, extrovertida, logo dava nas vistas. Mais ainda porque o meu Pai, em 1968, me dava 50$00 por dia, o que na altura era uma fortuna para uma criança de 10 anos.
E as colegas da turma apercebiam-se de que eu tinha sempre dinheiro. Um belo, mas macabro dia, faltou dinheiro a uma colega. A professora no final da aula falou do assunto. Mas como eu tinha boleia do meu tio para ir almoçar a casa, resolvi sair da aula a correr. De tarde quando regresso, sou chamada à dita professora que sem mais nem para quê, me acusa de ser a ladra.
A chorar que nem Madalena arrependida, digo-lhe que nunca roubei nada a ninguém. E nunca mais me esquecem as palavras dela: - Se estás a chorar é porque foste tu.
Este episódio mudou radicalmente a minha vida. Adoeci e deixei de ir às aulas. Chumbei por faltas.
No ano seguinte começou o ciclo preparatório. Mudei de escola, mas a adaptação foi muito complicada para mim. Tinha medo de que me voltassem a acusar. Quando terminei o ciclo, regressei ao Liceu, e por azar ou sorte, encontrei algumas colegas dessa turma onde tinha sido acusada. Entrei em pânico e isolei-me. Em casa dizia que não queria voltar à escola. Foi um drama.
Um dia uma dessas antigas colegas, chegou perto de mim, e humildemente pediu-me desculpa.
Então contou-me que após eu ter saído do liceu, os roubos continuaram. Por fim descobriram a ladra. Nunca mais na vida me vou esquecer da Orlanda, que me fez pagar inocentemente.
Ainda hoje eu sofro as consequências de ter sido acusada injustamente.
Agora entendo que muitas vezes as circunstâncias são inimigas do inocente. Mas a verdade é como o azeite, mais cedo ou mais tarde, vem sempre ao de cima.

5 comentários:

Anónimo disse...

Olá Mia
Continuo sem aparecer, pois ainda estou sem net, mas como vejo está tudo bem, brevemente volto e depois conversamos.
bjs
américo

José Faria disse...

Olá Mia.
Desculpe a ausência!

Julgo que todos temos nas nossas vidas, histórias negativas que nos acontece e nos magoa, mas que também nos ajudam na compreensão.
E essa do "gamanço" na escola deveria ter mais prontamente outra conclusão e não esse arrastar tão nefasto para uma menina que eras.
Quando descubriram a "roubona", a talsenhora professora que te magoou merecia uma visita e um cumprimento para ser mais "professora".
Beijos

Klatuu o embuçado disse...

Ser justo não é fácil, mas nobre é reconhecer os próprios erros.
No fundo, educamo-nos uns aos outros.

Dark kiss.

toni disse...

Quem nunca errou que atire a primeira pedra... Errar faz parte da natureza humana. Mas, bem melhor do que errar é reconhecer com humildade que errámos.
Umbeijo
Toni

' Claudjinha disse...

Então mas o que aconteceu com o teu filho? Já tenho ciúmes,não t esqueças que és MINHA MAMY! LOL... =P

Bjinho*