sábado, agosto 04, 2007

Fim de tarde no SPA

Nunca é tarde demais para mimarmos e tratarmos o nosso corpo. Devemos pensar nele, como sendo a nossa imagem exterior, a embalagem de algo bonito, que é a nossa forma de ser, de estar perante nós, perante os outros ... perante a vida.
Devíamos agir como quando queremos oferecer um presente a alguém, em que temos todo o cuidado com a embalagem, que será o primeiro impacto aos olhos de quem vamos ofertar.
Escolhemos o papel, o laçarote, colocamos umas flores, uns bonecos, usamos a imaginação ainda para decorar melhor.
Muitas vezes, porque andamos menos bem, porque o dia a dia não nos é fácil, porque a vida se tornou um corre-corre, esquecemo-nos de cuidar de nós mesmos, da nossa imagem da nossa própria caixinha exterior, e depois quando a imagem reflectida no espelho não é o que gostaríamos que fosse, ainda pior ficamos, há menos alegria, menos auto-estima, muito mais frustrações.

"Um diamante nunca se deve embrulhar num papel qualquer, tal como a nossa essência". (Mia Castro)

Já houve alturas em que me dava de presente à vida num papel menos cuidado, o que tivesse à mão servia. Nem sequer me dava ao trabalho de ver a minha imagem, pois sabia que não ia gostar do que visse.
Mas felizmente que essa fase já vai longe. Talvez o passar do tempo seja para mim um desafio e não o desanimo como para muita gente.
Então ontem fui mimar o meu corpo, a minha embalagem, e acreditem que essencialmente o meu interior ficou bem melhor.


Comecei com uma massagem relaxante de pedras vulcânicas. Já o ambiente por si nos relaxa, mas a massagem é divinal, e mais ainda o tempo que estamos com as pedras sobre o corpo, sozinhos, num ambiente que nos transporta para muito longe. Dei comigo a adormecer, a cairem-me lágrima, a sorrir. Claro que vou repetir, nos momentos em que me sentir menos bem.


Em seguida fiz mais uma massagem de relaxamento, o duche vichy com esfoliação. Mas que coisa boa. Água bem quentinha a cair-me no corpo, massagem com esfoliante. Saí do SPA completamente renovada. Adorei.
Cheguei a casa e adormeci num sono tranquilo, nos braços de morpheu.

1 comentário:

Naeno disse...

POETAGEM

O poeta se mostra com papel e lápis
Por eles vive como em seu próprio alojado
E não fica morando.
Elabora o feitio do personagem,
Colore-o das cores que lhe aprouver
Geralmente cores que lhe arremetem a escândalos
Dá-lhe um sentimento, uma postura barroca,
Cinzela-a, pincela-a,
(designer de Deus criando para si próprio)

O poeta estraga o permanente vivo
- é o seu protótipo quem modela.
Move-se com cordas de cristais
De convicção humana queimada
Sempre e sempre na validade.
O breu de brumas toma forma
E deixa a gente disforme.
Olhado da janela panorâmica
Onde a mente se debruça
Para intrometer-se fora e dentro
Para o contrário
Para a urdi-métrica do delírio
Decifra-se em tons e acordes de poesias.
Benfeitor, transfigurador, ativo
Do apogeu da vida.
Ele é o próprio camarim em seus áureos dias
Em que lhe visitam filas militares.
Conviva e influente dos imortais
Ouvindo sem prestar nunca atenção, e propondo silêncio
Para se meter na chuva com a arrimo de Cervantes
Ordenado o seu exército em guerra contra a loucura,
Dos amores, das visões e dos moinhos.

Louco andarilho da América Teresina,
Taquígrafo de códigos inconcebíveis,
Concretiza na palavra a sua possessão.

Um beijo na pele do teu coração
Naeno