terça-feira, janeiro 23, 2007

Tristeza, força, lágrimas e esperança



A minha prima foi operada ontem, eram 16 horas. Como terminou tarde não a pude visitar.
Soube que correu tudo como planeavam e não houve complicações à priori.
Hoje à hora de almoço falei com ela por telefone e ao final do dia fui visitá-la.
Mal entrei nos portões do IPO, fraquejaram-me as pernas e uma vontade enorme de chorar atingiu-me.
Tantas recordações que aquele lugar me trazia, e mais uma vez lá estava eu a visitar alguém que me é tão querido, a minha prima.

Há 20 anos atrás, foi a vez de visitar o meu pai, de esperar pelo fim da operação e ouvir o vaticinio do médico sobre que nada havia a fazer por ele.
Tinha uma pessima relação com o meu pai, sempre fui contra prepotencia, violencia e outras coisas associadas, mas nessa altura coloquei tudo de parte, porque acima de tudo era o meu pai e alguém que estava a passar por essa doença terrivel que é o cancro, e que infelizmente não ia vencer.
Então nessa mesma altura escrevi algo para ele. Nunca mais tive coragem de ler ou dar a ler a quem quer que fosse. Não sei se por vergonha de mostrar o quanto a minha infancia foi complicada. Hoje voltei a ler. Ainda mais triste fiquei, porque gostaria que a imagem que fiquei do meu Pai fosse diferente.

Com o apoio do meu amigo João, a quem liguei de imediato e me deu a maior força do mundo, saí do carro e lá fui eu de encontro à minha prima.
Abri a porta do quarto 1006, e todas as minhas forças surgiram do nada para entrar a brincar com ela. É horrivel ver o que acontece fisicamente a uma pessoa que é tão bonita, sem cabelo, debilitada, mas sempre com um sorriso nos labios.
A certa altura saí abruptamente do quarto e vim respirar fundo. Nesse entretanto falei com duas enfermeirass a quem coloquei algumas questões, mas nada sabiam, ou não quiseram adiantar. Unanimemente só disseram que a minha irmã era uma mulher com muita coragem, que estavam muito bem impressionadas com a força e coragem dela. Sorri e disse, é minha prima, irmã só de coração. De facto somos parecidas na forma fisionómica e de ser.
Voltei ao quarto e contei-lhe a conversa com as enfermeiras. E divagamos sobre as nossas parecenças e acabamos a recordar momentos hilariantes da nossa infancia, o que acabou por dissipiar o que eu estava a sentir.
Eram 20h tinhamos de sair, era terminada a visita, com a promessa de novo regresso amanhã. Lá sai do quarto, acompanhada pelo meu primo, com rumo a casa da minha Tia, para dar uma beijoca a ela e ao Tico, o meu afilhado e filho da Tucas. Ainda mais doente saí de casa da Tia, pois mais uma vez tive de ser forte quando me apetecia era fraquejar.
E por fim cheguei ao meu cantinho, onde tirei a carapaça e deixei escoar o que me vai na alma.
Força minha Tucas vais ser uma vencedora.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ontem tb tive um dia difícil, como sabes.
Até nem te mimei como devia, perdoa.
Mas aqui estou a dar-te a força que de mim necessitares.
Uma benção posso relembrar-te, se por momentos no meio da tua dor o não reconnheceres, e é isto :
tudo o que estás a sentir, sente-lo por Amor. Isso é tudo o que encontrei no teu coração.E o melhor que eu podia desejar-te.

mmi

Anónimo disse...

com toda certeza ela vencerá!
Beijinhosssssss