terça-feira, janeiro 09, 2007

Revolta


Acabei de falar com a minha prima, que para mim é a minha irmã, já que não tenho irmãos, nem ela e sempre vivi num clima de irmã para irmã com ela.

Sempre a achei muito frágil, sempre senti que tinha de ser eu a protectora, a diferença de idades assim o fazia prever. E ao longo das nossas vidas sempre estive presente nos bons e maus momentos, com o apoio que me era possivel dar.

A nossa diferença é de 5 anos, mas era já eu uma senhorinha que namorava e ela ainda a terminar a primária.

Quis o destino que ambas tivessemos a mesma sogra, ou seja casamos com irmãos, e acabamos por ser primas e cunhadas. Por coincidencia, ambas somos do signo touro e os dois irmãos são escorpião. Mais uma coincidencia, os anversários das duas e dos dois distam de 5 dias. Felizmente que não coincidimos na duração do casamento, pois o dela ainda se mantém e são muito felizes.

Infelizmente a minha prima tem um cancro. Foi diagnosticado há uns meses e chegou a altura de ser operada.

São momentos muito dificeis, mais para quem o tem, mas quem ama alguém que está nessas condições, dar apoio, ser forte torna-se muito dificil.

Estou deveras triste e revoltada com o que ela me contou. Imaginem o que é sofrer toda uma mutação, ficar sem cabelo, sem nada, saber que a vida está por um fio e receber da médica que a acompanha no Centro de Saúde palavras crueis.

Quando a minha prima disse à médica que lhe tinham diagnosticado, além do cancro das duas mamas, que vai amputar, vestigios de metastases na coluna, essa mulher insensivel só teve estas palavras para ela: - "Deixe lá, é operada outra vez, tira umas vertebras e fica bem".

Depois destas palavras a minha prima deambulou duas horas, perdida, desesperada.

Isto faz-se a alguém?

Não sou violenta, Não gosto de confusões, mas a minha vontade é procurar este ser desumano e dizer-lhe o que me vai na alma.

Só espero que Deus esteja do lado da minha prima e que me deixe ser a mana mais velha ainda por muito anos. E não peço castigo para esse ser desumano, só peço também que Deus lhe abra o coração e a torne humana.

Desculpem o desabafo. Sinto-me tão revoltada.

1 comentário:

Anónimo disse...

O meu tio passou pelo mesmo. A médica dele no S.Joao, durante o calvário, era simultaneamente a mais competente e a mais desumana possivel. E no entanto, há que dizer que o pessoal da oncologia, especialmente a pediátrica é o mais humano dentro dos hospitais... imaginemos o resto... também trabalhar a lidar com casos assim dia apos dia deve ser complicado. Fechem os ouvidos às palavras e abram o coração à esperança. Acreditem. E basta um sorriso para compensar....